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A menina da Montanha – Biografia

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A Menina da Montanha, da autora Tara Westover, é uma biografia muito interessante, que traz muitos pontos relevantes para a gente refletir. Nesse post vou começar a falar de um assunto que sempre tive vontade, mas nunca soube muito como colocar no “papel”: resenha de livros. 

Eu voltei ao meu hábito de leitura durante o período de quarentena. Em 2019, eu consegui focar mais e li 18 livros durante o ano, mas esse ano tinha deixado a leitura de lado. Com a necessidade de ficar em casa consegui me dedicar de novo aos livros e minha lista de interesses só cresce!

Um aplicativo que eu acho super útil para quem curte ler é o Goodreads, conhecem? É nele que eu faço a minha lista de livros para ler e também dos já lidos. Acho ótimo para descobrir novas leituras e também para ver outras opiniões sobre os títulos que me interessam. Se quiser, me segue lá para a gente trocar nossas ideias, sugestões e opiniões.

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A menina da montanha – por que ler?

Tara não foi para a escola por escolha dos seus pais, que optaram pelo homeschooling mas que de fato não aconteceu. Ao invés de estudar, era submetida a trabalhar na fazenda onde moravam e a abusos físicos e  mentais, vindos principalmente de um de seus irmãos e de seu pai.

Para mim, o ponto principal dessa biografia é a questão do abuso físico e, principalmente, mental sofrido pela autora em toda a sua vida e de como ela conseguiu romper com essa realidade. A Menina da Montanha é uma história de superação e de mudança interior, mesmo com forças externas se opondo constantemente.

Eu não sou o tipo da pessoa que gosta de ler biografias, não é a minha primeira escolha. Mas me interessei por esse livro, por ver várias indicações. Ele já estava na minha lista do Goodreads, quando foi escolhido como livro do mês no Clube do Livro que participo. Comecei a ler e fiquei presa logo no início. 

O livro conta a história da Tara Westover que apesar de ter pisado pela primeira vez numa sala de aula aos 17 anos, chegou ao doutorado na renomada universidade de Cambridge. Na minha opinião o título original, em inglês, Educated faz mais sentido, pois a autora conta como a sua falta de educação formal impactou em sua vida e como a sua busca pelos estudos, mesmo com todas as adversidades, deu certo e ela conseguiu chegar à pós-graduação. 

A menina da montanha foi eleito o livro do ano em 2018 pela Amazon e indicado por nomes como Bill Gates e Barack Obama. A seguir, falarei sobre as minhas considerações sobre a leitura, mas se você não leu, pode ser que tenha alguma informação que estrague as surpresas que um livro traz.

A menina da montanha – as minhas considerações (contém spoilers)

O livro começa com uma citação de Virginia Woolf que me chamou a atenção: 

O passado é belo porque ninguém se dá conta de uma emoção no momento. Ela cresce depois, e assim não sentimos emoções completas a respeito do presente, apenas do passado.

É muito interessante o desprendimento da autora com seu passado, pois para seguir seu processo de “educação” ela teve que romper com os laços familiares que a prendiam na montanha.

Uma cultura imposta

O que mais me impactou nesse livro, foi a força de vontade da autora para conseguir sair da realidade que ela vivia, em busca de um sonho de uma educação formal. Fiquei pensando bastante e admirando sua força, sua determinação. Afinal, não é fácil romper com dogmas, crenças e imposições de uma cultura que lhe é submetida desde o nascimento. Enxergar que existem outras realidades e que “o seu mundo” não é o único possível é difícil para uma pessoa que mora isolada em uma montanha e só conhece o que os pais lhe impõem.

Um dos questionamentos que me vieram à cabeça foi: o quanto ela sofreu para desenvolver um pensamento próprio, até chegar ao ponto de conseguir questionar e criticar, o que era normal e cotidiano para ela e para a família. E a partir daí, buscar novos caminhos do conhecimento, já que os que ela seguia não lhe bastavam.

Quantas vezes durante a leitura eu me peguei falando pra ela: “não volta pra montanha”. Mas a montanha era a vida dela e a atração me pareceu magnética. Uma atração quase que inevitável e insuperável. Mesmo sofrendo abuso físico e mental de seus familiares, Tara quando sai da montanha acaba voltando para casa em várias fases da vida. Acabei associando às pessoas que continuam se submetendo a abusos domésticos e não conseguem romper esse ciclo. Me parece que sair dele pode parecer impossível para quem o vive.

Outro ponto interessante é o fato do pai achar que a escola fará lavagem cerebral nas crianças enquanto ele mesmo o faz, só que para os seus pensamentos e ideais. Por todo esse passado, ela posteriormente sofre demais para se aceitar e se adequar à sociedade, quando finalmente chega à universidade, mostrando o quão deturpada era a realidade daquela família. 

O papel da mulher na sociedade

Além desses pontos, a menina da montanha levanta a discussão do papel da mulher na sociedade. Destaquei algumas passagens que me tocaram, que me fizeram refletir em como a mulher ainda é submetida a rótulos e julgamentos de diversas formas em diferentes grupos sociais:

o lugar da mulher é em casa

A autora foi criada com essa cultura de que ela não precisava estudar, pois as mulheres devem ficar em casa, ou seja, frequentar uma escola e estudar é desnecessário nessa realidade.

 

toda minha vida eu acreditei que o matrimônio era uma dádiva de Deus e recusá-lo seria um pecado 

Ainda sobre o papel da mulher de ficar em casa, ela se critica demais e tem muita dificuldade de se relacionar pela carga religiosa de culpa que sempre lhe foi imposta. É papel da mulher casar, ter filhos e cuidar da casa. Como destacado abaixo:

mulheres são feitas de forma diferente. Elas não tem essa ambição [sobre estudar na faculdade]. A sua ambição é ter filhos

Por fim, acho que ela fecha a autobiografia com chave de ouro, definindo como a educação mudou a sua vida, as suas crenças, a sua personalidade:

As decisões que eu tomei depois daquele momento não seriam os que ela teria tomado. São escolhas de uma pessoa mudada, de um novo eu. Você pode chamar isso de várias coisas. Transformação. Metamorfose. Falsidade. Traição. Eu chamo de educação.

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